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Escolas sob ameaça: especialista alerta sobre a necessidade de frear o 'efeito contágio'
Célio Roberto Velho
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Não é segredo que pais, responsáveis e professores vivem dias angustiantes. Afinal, temos presenciado uma onda de ataques e violência que têm o ambiente escolar, antes visto como reduto de acolhimento e segurança, como alvo.
Diante de notícias tão devastadoras, é instintivo que ocorra o compartilhamento de imagens, vídeos ou fotos dos agressores e dos ataques em grupos de WhatsApp, nas redes sociais ou na mídia.
Isso é conhecido como “efeito contágio”. Segundo o psicólogo Filipe Colombini, orientador parental e CEO da Equipe AT, é preciso que todos estejam atentos no sentido de não pulverizar notícias tendenciosas ou ter atitudes que intensifiquem a exposição do assunto.
“Quando alguma ideia ou ação é espalhada, pessoas propensas ao mesmo comportamento acabam sendo influenciadas, ainda que a conduta sob o ponto de vista ético e moral seja errada”, afirma Colombini. “No caso da violência contra as escolas, a cobertura sensacionalista e o compartilhamento irresponsável de informações sobre ataques pode ajudar, mesmo sem a intenção direta, a estimular pessoas com motivações parecidas com as do agressor”, explica o especialista.
Além disso, a propagação de imagens, vídeos e descrições de eventos violentos cria uma sensação de insegurança generalizada que atinge toda a comunidade escolar. “Estamos percebendo um aumento em sentimentos de insegurança, estresse e ansiedade envolvendo a escola, algo que atinge principalmente as pessoas mais vulneráveis ou que já sofreram experiências traumáticas, podendo acarretar até em casos de evasão escolar”, diz o psicólogo.
Ainda segundo Colombini, quem planeja esse tipo de ataque procura reconhecimento e atenção, por isso é crucial que os profissionais de comunicação façam uma cobertura responsável, de forma a evitar o efeito contágio. “É fato que muitos veículos de mídia já adotaram uma nova postura na cobertura desse tipo de caso e passaram a não divulgar imagens violentas, mensagens deixadas pelo agressor e sua identidade”, observa o especialista.
Apoio à comunidade escolar
Algumas ações podem ser adotadas para a prevenção de ataques desse gênero, segundo o psicólogo. Para começar, é preciso que exista um processo educativo para que a população não dê créditos e não compartilhe as ações de extremistas. E toda sociedade pode se engajar nisso, utilizando de seus perfis nas redes para incentivar que as pessoas se abstenham de divulgar os crimes.
No mais, é necessário que as escolas criem ações no sentido de oferecer uma maior conscientização sobre saúde mental na comunidade estudantil, com suporte psicológico para os alunos e estratégias de combate à violência e ao bullying.“Esse, sem dúvidas, não é um problema que se resolve só com segurança, mas sim com a criação de um ambiente escolar mais empático e capaz de identificar e acolher alunos de perfis diversos e diferentes necessidades”, diz Colombini.
Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.
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