A taxa média anual de desocupação caiu de 13,2% em 2021 para 9,3% em 2022, menor patamar registrado pela série história do IBGE desde 2015. Essa queda foi puxada, principalmente, pela recuperação do setor de serviços no pós-pandemia.
No trimestre encerrado em dezembro, a taxa de desemprego recuou de 8,1% para 7,9%, em linha com nossa previsão (7,9%) e ligeiramente menor que a do mercado (8%).
Na série com nosso ajuste sazonal, a taxa de desocupação ficou em 8,4%, leve queda em relação ao trimestre encerrado em novembro (8,5%). Esse resultado mostra que a taxa ajustada, que vinha caindo de forma mais significativa ao longo de 2022, provavelmente parou de recuar nos últimos meses, já que a taxa trimestral ficou em 8,5% em outubro, repetiu 8,5% em novembro e foi a 8,4% em dezembro. Esse comportamento confirma nossa tese de que a perda de fôlego da economia já começou a impactar o mercado de trabalho. Setores como comércio e indústria já acusaram essa desaceleração e acreditamos que esse movimento chegará também ao de serviços.
Entre os motivos para isso está a piora na dinâmica do mercado de trabalho: tanto a ocupação (-0,4%) quanto a PEA (população economicamente ativa, -0,5%) tiveram um ligeiro recuo no trimestre encerrado em dezembro. Se o mercado estivesse mais aquecido, as pessoas voltariam a procurar emprego com mais intensidade, elevando tanto a taxa de ocupação quanto a PEA, o que não vem acontecendo nos últimos meses.
Por outro lado, a renda real habitual do trabalhador continuou subindo (0,2%), acumulando uma alta de 8,2% no ano, o que ajuda, de alguma forma, a aliviar a desaceleração já evidente da economia.
O crescimento da economia até agora foi suficiente para levar a taxa de desemprego para níveis próximos do neutro – taxa neutra é aquela que não acelera nem alivia a inflação. Hoje, a taxa já se encontra abaixo da média história da pesquisa de desocupação.
Nossa expectativa é que a taxa de desemprego (ajustada sazonalmente) volte a subir moderadamente, encerrando 2023 em 9%. Para 2024, nossa projeção é que a taxa evolua para 9,5%.
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