O atendimento foi possível por conta do trabalho do laboratório de Imuno-hematologia do Hemosc, órgão público sob gestão da Fundação de Apoio ao HEMOSC/CEPON (Fahece), que desenvolveu um grande cadastro de doadores. O concentrado de hemácias Vel negativo foi enviado para um homem de 62 anos, com diagnóstico de anemia falciforme e doença renal crônica, que teve uma isquemia e precisou de uma cirurgia de urgência. Conforme dados da última atualização do Cadastro Nacional de Sangue Raro, há apenas quatro doadores com esse tipo de sangue – dois identificados em Santa Catarina e dois em São Paulo.
O rastreamento de doadores está sendo realizado durante um projeto de mestrado da bioquímica Danielle Siegel, vinculado ao laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia da UFSC, que avalia um banco de 20 mil doadores. O objetivo do trabalho é identificar doadores de sangue com o fenótipo Vel negativo por meio de triagem molecular utilizando material genético obtido de pools de plasma de doadores de sangue.
De acordo com o bioquímico do Hemosc, Everaldo José Schörner, co-orientador da pesquisa, poucos hemocentros no país testam esse tipo de fenotipagem, porque não está na rotina de testes obrigatórios. A frequência de Vel negativo é estimada em uma para sete mil pessoas. Apesar de rara, a frequência do fenótipo possivelmente é maior entre os doadores catarinenses quando comparado a outros estados brasileiros.
Os tipos sanguíneos A, B, AB e O, RhD positivo e negativo são os mais conhecidos, mas já foram descritos 44 sistemas de grupos sanguíneos e são conhecidos mais de 380 antígenos classificados pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue (International Society of Blood Transfusion – ISBT). Os anticorpos anti-Vel normalmente possuem importância clínica por estarem implicados em casos de reações transfusionais hemolíticas severas, inclusive com relato de óbitos devido a esse tipo de incompatibilidade.
Com informações da assessoria do Hemosc
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