Já o cientista Simon Levay, que lecionou em instituições como Harvard, Universidade da Califórnia e Stanford, descobriu que o hipotálamo – parte do cérebro responsável pela orientação sexual – apresenta diferenças significativas entre hetero e homossexuais. Uma parte desta estrutura, nomeada como INAH3, que geralmente tem o dobro do tamanho em homens em relação às mulheres, não apresenta essa diferença em homossexuais. Essa diferença não é um defeito, mutação ou algo parecido, mas sim algo natural que acontece com frequência, levando em consideração que em qualquer cultura do planeta, de 5% a 20% das pessoas se consideram LGBTQIA+. Essa descoberta foi feita em 1991, o que demonstra o atraso de políticos do mundo todo ao compreender que ninguém "escolhe" ser homossexual ou transgênero, assim como ninguém escolhe ter olhos azuis. Se um político sugerisse a proibição do casamento entre pessoas de olhos azuis, certamente classificaríamos a ideia como ridícula, portanto, o mesmo deve ser feito com a ideia da proibição do casamento de homossexuais.
Falácia Naturalista
Atualmente, muitas pessoas são vítimas da Falácia Naturalista, uma falha cognitiva amplamente documentada pela ciência. Nessa visão, se negros, mulheres e homossexuais têm menos oportunidades é por que o mundo simplesmente opera dessa maneira e assim deve continuar. Este fenômeno também explica o preconceito que muitas pessoas têm com homossexuais – tudo que não é considerado “natural”, não é ético, limpo, divino ou bom, na cabeça de muitos. No entanto, até o momento, os cientistas já catalogaram mais de 1.500 espécies que possuem comportamentos homossexuais e essa lista cresce a cada ano. Se isto ainda não nos faz aceitar que o homossexualismo é algo natural e portanto, deve ser respeitado, eu não sei quais outras evidências seriam necessárias.
Ódio nas redes
Há um grande perigo quando um governo, ou mesmo um grande líder religioso ataca algum tipo de minoria, geralmente buscando uma promoção de sua imagem nas Redes Sociais visando capital político eleitoral. Um grande corpo de artigos científicos indica que autoridades têm uma influência enorme no comportamento das pessoas. Toda vez que líderes disseminam suas opiniões, as pessoas acreditam cegamente, pela crença de que autoridades têm informações privilegiadas e devem saber o que estão falando.
Em 2020, o cientista Jay Van Bavel, da New York University (NYU), realizou uma pesquisa nas mídias sociais e descobriu que toda vez que se faz um post hostil sobre um grupo “inimigo” as pessoas compartilham de forma dobrada em relação a um post sobre o próprio grupo. "Além disso, cada termo hostil contra esse grupo considerado inimigo aumenta em 67% a probabilidade de compartilhamento”, afirma Gaziri.
A cientista Molly Crockett, da Princeton, publicou dois artigos na Nature e na Science (as revistas mais respeitadas no mundo da ciência) revelando que todo conteúdo que traz um assunto no campo da moralidade (família e religião) evoca maior engajamento das pessoas nas mídias sociais e faz o algoritmo levar o post para o topo do feed. Existe um mecanismo de recompensa que é atingido por essas pessoas quando compartilham algo que critique algum comportamento considerado como “violação moral”, que ativa o sistema de dopamina no cérebro. As pessoas compartilham esse tipo de conteúdo porque antecipam que haverá um tipo de recompensa: curtidas, comentários e engajamento. Esse mecanismo de antecipação de recompensas, ativada pelo neurotransmissor dopamina, também faz com que as pessoas fiquem viciadas no processo. Um dos maiores riscos de compartilhamentos massivos nas redes sociais é a exposição que as pessoas têm a novas ideias. Sozinho, um indivíduo não consegue pensar em todas as razões pelas quais não gosta de certo grupo, mas quando lê novas opiniões de mentes similares, ele passa a assumir posições cada vez mais extremas, comportamento que conhecemos como polarização.
Enquanto nossos políticos não se atualizarem com as últimas evidências científicas, o povo continuará a custear discussões ultrapassadas e sem sentido, fazendo com que o nosso país não avance em pautas mais importantes para o bem-estar da população.
Por Luiz Gaziri
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