E na ausência de bolas de cristal, cabem aos líderes de cada área da empresa arregaçar as mangas com suas equipes para detectar tendências, mapear gargalos, estabelecer indicadores e delinear planos de ação que validem as premissas do futuro desejado.
No caso de Gestão de Pessoas, o exercício de futurologia é um desafio ainda maior e incerto, já que estamos lidando essencialmente com seres humanos, com todas as suas crenças, inseguranças, valores, dicotomias, desejos e contradições.
Entre os desafios do RH para um futuro mais imediato identifico como principais:
- construir a liderança baseada em empatia, desenvolvendo novas lideranças;
- implementar e incentivar ações como diversidade, equidade e inclusão dentro das organizações;
- e estruturar o futuro das companhias com base em tendências e metas.
- Wirearchy e organizações abertas: organizações engessadas, com organogramas rígidos e fluxos de trabalho departamentalizados, terão que repensar seu modus operandi. Os novos tempos pedem relações de trabalho mais flexíveis e horizontais, com fluxos dinâmicos de poder e autoridade, baseados em informação, confiança, credibilidade, e foco em resultados, possibilitados por tecnologia e pessoas interconectadas. As lideranças, por exemplo, poderão ser temporárias, definidas por projetos, e não mais por cargos verticais e fixos. Logicamente, essa descentralização exige a assimilação de uma forte cultura ética (de compliance) e colaborativa, principalmente nas grandes corporações.
- Seu colega robô: a robótica e a IA estão escalonando morro acima. Cerca de 25% dos empregos atuais – na produção, serviços e trabalho do conhecimento – serão automatizados nos próximos 10 anos. Que o diga o chatGPT, que em poucos meses já provocou uma verdadeira revolução na forma como pesquisamos, criamos e nos relacionamos. Devemos então desenvolver competências e capacidades tecnológicas necessárias para o sucesso da colaboração e convivência entre os seres humanos e robôs.
- Fim dos horários de entradas/saídas: O foco do trabalho no futuro gravitará cada vez mais em direção aos resultados, onde o sucesso é definido em termos de resultados alcançados e menos em termos de horários de entradas e saídas. Com isso, a tendência é que as pessoas tenham cada vez mais liberdade para definir os horários e dias de sua jornada de trabalho. Os resultados poderão ser definidos como mudanças significativas, geralmente melhorias, alinhadas com uma visão organizacional abrangente, obtendo o melhor das pessoas (talento) com o uso ideal de recursos (eficácia).
- Criatividade competitiva: com o aumento da automação do trabalho de rotina, uma fração crescente de empregos humanos migrará para a área criativa, tais como pesquisa, design, inovação, ciência, artes, storytelling, desenvolvimento de produtos, etc. O respeito às características individuais e a promoção da diversidade na força de trabalho serão essenciais para o desenvolvimento de ações criativas. O crescimento desta demanda fará surgir um mercado específico para a formação desses profissionais, tornando-o cada vez mais competitivo.
- Trabalhadores fantasmas: cada vez mais, as empresas precisarão conviver com os “trabalhadores fantasmas”, compreendendo seu impacto no tema Engajamento. É importante esclarecer que não estamos falando do malfadado “modelo brasileiro”, em que o empregado recebe todo o salário mesmo não trabalhando. No caso da pesquisa, ela se refere ao fenômeno de quarteirização ou quinteirização do trabalho, principalmente no caso de postos remotos. Ao recrutar e contratar uma pessoa para trabalhar remotamente, há uma chance dela empregar um “freelancer invisível” como subcontratado para cumprir suas obrigações contratuais (total ou parcialmente) com a organização.
- Metaverso: o Facebook mudou seu nome para META em 2021 para dar o pontapé inicial na próxima tecnologia social. O metaverso será pioneiro em como e onde trabalhamos juntos. Seu convite é para que pessoas e organizações vivam e trabalhem dentro e fora de mundos virtuais. É uma nova plataforma para organizações e trabalhadores em todo o mundo, a qual os convida a se engajarem em um modelo de trabalho verdadeiramente híbrido.
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