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BRASÍLIA, CAPITAL DO IMPÉRIO – ALGUMAS DIVAGAÇÕES
Célio Roberto Velho
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Muitos monarquistas se perguntam se, com a Restauração da Monarquia, Brasília continuará ou não sendo a capital federal. O Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, tem afirmado sempre que não vê razão alguma para que seja feita qualquer mudança nesse sentido, especialmente porque incorreria em gastos monumentais – e o regime monárquico, por excelência, timbra por sua sobriedade e seu empenho em reduzir as despesas públicas.
Ademais, é preciso ter-se em mente que o projeto de transferência da capital para o Planalto Central – região de evidente valor estratégico – é muito anterior à República, ou mesmo à Independência, uma vez que os primeiros estudos neste sentido foram encomendados ainda em meados do século XVIII.
É bem verdade que a arquitetura de Oscar Niemeyer, declaradamente comunista, à primeira vista não inspira sentimentos monárquicos, pois nada poderia estar mais distante da beleza e esplendor dos castelos e palácios da Europa e do Brasil dito Colonial. Mas a pompa e circunstância – já se disse, com toda a razão, que “quem gosta de miséria é intelectual; o povo gosta de luxo” – da Monarquia em pouco tempo sucederia em dar um aspecto totalmente renovado à “Ilha da Fantasia”. Esse infeliz epíteto, aliás, perderá sua razão de ser, quando estiver o “Brasil oficial” sob a vigilância permanente do Imperador, Primeiro Representante da Nação e Defensor Perpétuo do Brasil.
Assim como o Imperador D. Pedro II residia no Paço de São Cristóvão – destruído pelas chamas da incompetência e desleixo típicos da República – e despachava do Paço Imperial, com a Restauração, o Soberano poderá ter seu principal gabinete de trabalho no Palácio do Planalto, onde irá receber autoridades nacionais e estrangeiras, reunir-se com o seu Conselho de Estado, presidir solenidades e, sobretudo, exercer o Poder Moderador.
Isso porque, se separadas da posição eminentemente mais cerimonial de Chefe de Estado, as funções de Chefe de Governo não mais necessitarão de todo um aparato palaciano, de modo que o Presidente do Conselho de Ministros (como era chamado o Primeiro-Ministro em nossa Monarquia) estaria muito bem servido com um gabinete no Palácio Nereu Ramos, sede do Congresso Nacional, e o uso ocasional do Salão Nobre da Câmara dos Deputados.
A residência oficial do Soberano poderá ser, eventualmente, o Palácio da Alvorada, onde atualmente vive o Presidente da República, enquanto o Príncipe Imperial, herdeiro do Trono, poderia morar no Palácio do Jaburu, que hoje serve ao Vice-Presidente. A Granja do Torto, casa de veraneio da Presidência nos arredores de Brasília, poderia ter a mesma finalidade sob a Coroa.
Tudo isso, claro, são apenas ideias que me ocorrem... Prosseguindo, no mesmo terreno das divagações hipotéticas, imagino o brilho e a sacralidade de uma cerimônia de coroação dos Imperadores e dos casamentos, assim como os batizados e funerais da Família Imperial, celebrados com toda a pompa litúrgica tradicional. Imagino ainda a solenidade da Fala do Trono, proferida pelo Imperador – paramentado com coroa, cetro e manto – na Sessão Imperial de abertura e encerramento das atividades do Congresso Nacional; das recepções a líderes estrangeiros; dos cortejos de carruagens nos dias de grande gala, com a participação do tradicional regimento dos Dragões da Independência; ou dos dois Rolls-Royce mantidos pelo Estado brasileiro, em ocasiões de menor pompa; e especialmente nas comemorações do Dia da Pátria, quando, depois do desfile cívico-militar na Esplanada dos Ministérios, o Imperador e a Família Imperial saudarem a população do Parlatório do Palácio do Planalto.
O mais importante é que tudo isso trará grande ganho à Nação; afinal, o Museu Imperial de Petrópolis, que preserva a memória da Monarquia, é um dos mais visitados do Brasil... Qual não seria o efeito de uma realidade monárquica viva e pujante, com turistas indo a Brasília para assistir às manobras dos Dragões da Independência na Praça dos Quatro Poderes – Moderador, Executivo, Legislativo e Judiciário –, da mesma maneira que milhões vão a Londres todos os anos a fim de acompanhar, dentre outras atrações, a famosa cerimônia de troca da Guarda da Rainha no Palácio de Buckingham – que com todo o seu cerimonial, custa ao povo britânico bem menos da metade do que a Presidência da República custa aos brasileiros.
E para os que acham que as divagações acima não passam de um sonho, devemos lembrar que a República é um pesadelo que já demorou demais para acabar. Devemos, ademais, lembrar o que escreveu o poeta português Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
Internacionalista e voluntário da Pró Monarquia. Artigo publicado originalmente na edição especial nº 62 e 63 do boletim “Herdeiros do Porvir”, de julho a dezembro de 2020.
Por Matheus Guimarães Aguiar Azevedo
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